Conversa com um abajur

Bem, são 11:30 da noite e, segundo a minha mãe, eu ja deveria estar dormindo, pois ando indo para a cama muito tarde nesses ultimos dias. Acontece que eu não tenho sono e preciso arrumar um pretexto pra ficar acordado mais um pouco, sacam? Por sorte o meu amigo Bruno me concedeu privilegios de poder ser general de vocês, e é isso que vou fazer. As linhas abaixo tratam-se de uma conversa que eu tive numa madrigada dessas que eu estava lendo na minha cama antes de dormir. Eu ja ia fechar o livro quando - pasmem - o abajur lançou um comentário irônico sobre a espinha que estava se formando no meu queixo na época:

Abajur: Oi

Eu: Hein? Quem disse isso?

Abajur: Eu, ô otário. Quem mais poderia estar falando com você a essa hora? As cortinas?

Eu (muito abismado): N... não creio... devo estar sonhando...

Abajur: Sonhando o caralho, tu tá é muito acordado, isso sim.

Eu (olhando no relogio, deviam ser umas duas horas): Há, eu sabia. É o horário, estou tendo alucinações.

Abajur: Alucinação é o meu pau mergulhado no pote de sorvete napolitano.

Eu: Cara! O meu abajur ta me xingando!

Abajur: E esperava que eu fizesse o que? Elogiasse esse teu cabelo de pentelho de macaco na chuva? Pra começar, olha o livro que tu ta lendo. Olha só essa merda que tu ta lendo.

(Havia um exemplar do livro "Labirinto", de Kate Mosse, na minha mão. Realmente, um livro chato pra caramba, eu demorei quase um mês pra ler umas 100 paginas)

Eu: É... o livro não é dos melhores mesmo...

Abajur: Então, ô pastel? Joga essa porra no lixo. Tira isso aí do meu raio de visão.

Eu: Visão?

Abajur: Sim, babaca. Tu acha que só tu ta lendo isso aí? Enquanto tu lê, o abajur aqui tem que ficar iluminando e, consequentemente, acaba lendo tambem. Caralho mano, esse livro é uma droga, não aguento mais.

Eu (indignado): Ora, por favor, se não gosta de ler então que não leia!

Abajur: Ta bom!

E o abajur apagou a luz, me obrigando a abandonar a leitura e dormir.